28 maio, 2014

Jake Bugg - Shangri La (2013)


Nota: 6,4 






Eduardo Kapp




Assim como sua vida, esse álbum é cheio de contradições.

Liberto (ou envergonhado?), Jake Bugg finalmente resolveu escrever suas próprias músicas. Diferentemente do primeiro álbum, em que quase todas as músicas foram escritas pelo letrista/músico Iain Archer, agora vemos Bugg como principal (Archer ainda participa, de forma secundária) compositor das letras e melodias do álbum. Surpreendemente (ou não), isso diminuiu a qualidade das músicas, num geral.

Por outro lado, as melodias aqui tiveram um dedo do novo produtor Rick Rubin, que tenta deixar as coisas mais Rock'n Roll. No caso, todos os singles deste álbum seguem essa ideia. "Slumville Sunrise" e "What doesn't kill you" mostram um Jake Bugg inseguro de seu lugar, um tanto confuso sobre o que está cantando, e não me leve a mal, esses singles são pop o bastante, só não parecem se adequar ao contexto do artista.

É claro que não poderia se esperar tanto de um lançamento às pressas como foi esse. Ainda acho que o Jake só aceitou lançar o álbum tão rápido pra poder acabar logo com o "mal do segundo lançamento". É claro que o primeiro disco é melhor, não há duvidas. E deste, ainda se escutam ecos (muitos ecos), seja nas melodias folk-acústicas ou na insistência em cantar no formato Oasis.

Isso é algo interessante de se perceber. Quando Bugg canta ~sem compromissos~ com características planejadas (mesmo que inconscientemente) é que aparecem seus melhores momentos do álbum. "Me And You" é o ápice dessas terras. Nesse sentido, "Storm Passes Away", que te coloca naquele momento "refletindo sobre sua vida sem sentido enquanto olha pela janela do ônibus", também precisa ser lembrada! É nesses momentos que dá pra notar um certo amadurecimento e um caminho na direção de características mais originais do cantor.

Ainda nas contradições: depois de falar mal de programas tipo "X-Factor" e coisa que o valha, o maluco do Jake Bugg faz essa "A Song About Love", que certamente seria aplaudida pela platéia e o-faria ser escolhido pra entrar no "time" (é assim que funciona? Eu realmente não sei) de Cheryl Cole. Shame on you, Jake.

Enfim, não é horrível, não é nenhum "Turn Blue", é um disco que dá pra ouvir sem se decepcionar muito. Mesmo sendo mais um do tipo que imita o Dylan e um britpop qualquer, não é de se descartar.

Onde ouvir: http://www.youtube.com/watch?v=AN0DFWhtAwk

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