29 junho, 2014

Conor Oberst - Upside Down Mountain (2014)

Nota: 7,5






Arthur Valandro





Conor Oberst, já proclamado artista na nova leva do "indie folk" surgida na década de 90, mostra serviço mais uma vez em projeto solo. Tendo ganhado notoriedade principalmente através de seu projeto principal, Bright Eyes, Conor já havia trabalhado a nível solo e com a "Conor Oberst and the Mystic Valley Band" tendo agora (19/05/14), novamente em carreira solo, o cantor enraizado em Omaha, NE, pela gravadora Saddle Creek, lança seu mais novo álbum solo, "Upside Down Mountain".

O álbum soa familiar aos ouvidos de quem acompanhou Conor ao longo de sua caminhada tanto solo quanto pelo Bright Eyes, com melodias sensíveis, dançantes e letras nostálgicas. Talvez o grande toque do álbum, que o diferencia de um clássico folk de barzinho limpo e suave, se concentre nas transições entre trechos calmos e guitarras e acompanhamentos de maior agressividade presentes em algumas faixas, como "Zigzagging Toward the Light".

Esse recurso utilizado tem um fundamento facilmente notável. Durante sua trajetória, Conor participou de diversos projetos como Norman Bailer, Commander Venus, Park Ave. e Desaparecidos. Em destaque para a última banda, um projeto que, após ter seu fim no ano de 2002, voltou a ativa no ano de 2012 com o lançamento de novos EPs, Desaparecidos se posiciona com um som definitivamente mais agressivo que Bright Eyes. Assumindo uma forte raíz no post-hardcore, Desaparecidos conta com guitarras distorcidas, bastante overdrive e uma percurssão intensa, além das vozes ocasionalmente gritadas.

É evidente que a ainda recente volta do Desaparecidos teve certa influência na composição de "Upside Down Mountain" por Conor Oberst. Ao mesmo tempo em que o álbum tende a cair em o que muitos podem considerar uma "mesmice", alguns pontos surpreendem e acabam dando novos ares à música do cantor norte-americano, que, por fim, compõem um álbum interessante e bem produzido, porém sem grandes destaques.





28 junho, 2014

The Antlers - Familiars (2014)

Nota: 8,6







Eduardo Kapp





The Antlers, é , essencialmente, o projeto de Peter Silberman. Tudo começou como um projeto lo-fi altamente caseiro e independente, com dramáticas canções folk. No entanto, depois de um EP ("Uprooted") e um álbum ("In the Attic of the Universe") gravado apenas por Silberman, o projeto se torna uma banda, com a participação de Michael Lerner e Darby Cicci.

Como transição de projeto solo para banda, lançam o aclamadíssimo e ícone "Hospice", com mais experimentação e maior complexidade no som. O álbum conta a história de um relacionamento conturbado, e é bem.. pesado. Depois, em 2011, lançam o "Burst Apart", que segue sendo lo-fi e absurdamente ~profundo. 

A questão é que, nesse novo álbum lançado no último dia 17, a banda deu uma boa mudada no som. E pra melhor! Aqui, a coisa toda evoluiu de um tímido e introspecto conjunto de experimentações para um gigantesco movimento orquestral muito atento aos detalhes. Aqui o som está mais limpo, mais "alto" e segue com suas melhores características: muito drama e letras muito boas.

Gostei muito também da aposta em novos ritmos e novos instrumentos. A primeira faixa, "Palace", já mostra bastante de tudo o que foi dito anteriormente. Uma mistura surreal de trompetes, synths, pianos e percussão.  É incrível, todos esses novos fatores deram muito certo na maior parte desse disco. É como se fosse um "Burst Apart" melhorado, remasterizado, orbitando a Terra em seu ônibus espacial e inclusive meditando em gravidade zero.

Agora, o que realmente me pegou de surpresa aqui foi "Intruders". Mesmo longa, se manteve interessante durante toda a faixa, chamando atenção pra cada detalhe novo que ia surgindo. Bom, não posso falar isso de todas as faixas. "Revisited" e "Parade" me pareceram meio.. pegando o embalo que "Director" fez. Não vou dizer que foram desnecessárias pra não deixar ninguém triste. Se bem que esse costuma ser o mais recorrente dos problemas do Antlers. As vezes simplesmente parece que falta algo.

Claro que isso tá longe de manchar a coisa toda. Baita álbum, ouça assim que puder. E se ainda não ouviu os anteriores, recomendo também. É uma trajetória muito interessante e diversificada. 



Onde ouvir: https://www.youtube.com/watch?v=gQfcwigtizY

26 junho, 2014

GUM - Delorean Highway (2014)

Nota: 7,8







Eduardo Kapp





"GUM" é o projeto solo de Jay Watson, atual tecladista/guitarrista (e antigo baterista) do absurdamente absurdo Tame Impala (se você ainda não conhece esses caras, recomendo clicar no "x" vermelho que fica no canto superior direito do navegador). É também guitarrista e eventual vocalista no Pond, que é outro projeto relacionado ao Tame. Enfim, esse cara é um monte de coisas.

E já era hora de ter seu próprio projeto.

A expectativa pra esse álbum era um tanto óbvia: algo parecido com Pond ou Tame Impala. Mas... PLOT TWIST: é bem original. Reza a lenda que as ideias para o álbum se originaram de um "sonho", em que Jay estava num deserto, dirigindo um Delorean (aquele carro bizarro do filme, esse mesmo). Delorean. Highway. Exato.

Inevitavelmente repleto de synths, reverb e echoes espaciais, esse é um álbum que embora falando assim pareça que vai te levar pra ~jupiter and beyond~, na verdade é um disco divertido e despreocupado. Muito diferente do Kevin, não é um trabalho tããão ambicioso e perfeccionista. É muito mais "de boa". Isso realmente me agradou, achei inesperado da parte dele.

As duas primeiras faixas são atmosféricas. Seguem a mesma linha: lenta progressão para derradeira explosão final (que frase horrível, desculpa). Mas é inevitável não dizer isso depois de ouvir "Growin Up". É um bombardeio interminável de sintetizadores. Eita.

A sequência "Misunderstanding" (cover do Genesis, muito bem feito por sinal) e "Summer Rain" é genial. Uma completa a outra. Uma é uma espécie de balada confusa e a outra é uma vazia reflexão profunda sobre.. a chuva. Isso soa ruim e tudo mas é realmente genial. Provável resultado de uma união entre Supertramp e Michael Jackson (Jay gosta de ambos). Muito interessante também a música final, com violão e tudo (será uma referência a "Moreno's Blend", do Pond?), onde dá pra ver várias características do álbum: meio shoegaze, sincero e divertido.

Mesmo vale pra "21st Century Radiation", que é montada em cima de fuzz e mais fuzz. Shoegaze-y. E ainda pro final do álbum, dá pra perceber misturas de gêneros mais antigos. Tipo "Living And Dying", que é aquela música meio 60's que você escuta e pensa "peraí, eu já ouvi isso antes". Algo entre 13th Floor Elevators e Soft Machine. Não dá pra falar mal das letras, mas não é nada de mais, também (no mesmo estilo da melodia, simples e sincera).


E é esse o meu principal problema com esse disco. Tem essas 2 ou 3 músicas que parecem perdidas, inacabadas e completamente sem-sentido. "Day of the Triffids" serve pra impressionar com os efeitos? Porque não tem nada de mais mesmo. Muita coisa que não dá pra entender por aí. Esperava mais. Enfim, é um bom álbum. Vale a pena. Dá vontade de ouvir de novo. Mas definitivamente não é o hype todo que aparentava ser.

Ainda não encontrei nenhum lugar pra ouvir online. Mas dá pra ouvir as principais músicas por aqui: https://soundcloud.com/spinningtopmusic/growin-up.






Cícero - Canções de Apartamento (2011)

Nota: 8,9





Fernanda Rodrigues (convidada)





Hoje em dia não é qualquer um que abre a porta do apartamento pra gente e nos convida pra ouvir um pouco do seu passado, mas é exatamente isso que Cícero faz em seu primeiro álbum solo, Canções de Apartamento. Ex-integrante da banda Alice, Cícero nos traz uma obra que mistura bossa nova com melodias que lembram marchinhas de carnaval – tudo ao toque mais intimista possível.

Todas as músicas foram gravadas na sala do seu apartamento e é como se ele retirasse debaixo da cama uma caixa com as suas melhores (e tristes) lembranças. Cada faixa parece criar um cenário diferente na nossa cabeça. Em Ensaio Sobre Ela é possível sentir a calmaria de um amor que chegou sem ser anunciado assim como em Ponto Cego é como se estivéssemos em uma praça lotada, perdidos no meio de tantos afazeres, em uma vida onde todas as relações foram aceleradas, “mas quem se importa? É sexta-feira, amor!”. 

Outra característica muito explorada no álbum foi a variação entre tons altos e baixos, como em Açúcar ou Adoçante?. Todavia, creio que o ponto alto da obra seja Laiá Lailá, com referência a Braguinha, e com um ritmo cadenciado que, ao final, já passa a nos lembrar de um desfile qualquer por uma avenida. Assim como o cantor cita nessa música, “vou criar um lugar escondido pra fazer meu recital”, é justamente isso que parece ser o álbum inteiro: um cantinho que ele encontrou para poder se expressar, contar dos seus sentimentos, das suas memórias – tudo isso embalado ao som de instrumentos simples (desde o teclado até o canto do passarinho que pousa na janela do seu apartamento), lembrando talvez um pouco do romanticismo de Chico Buarque.

Mais outra referência a cantores nacionais é feita quando, na música Pelo Interfone, Cícero menciona Dindi, de Tom Jobim, o que revela a sua nítida fonte de inspiração para as melodias que embalam o álbum. Além disso, um ponto que vale ressaltar é que Canções de Apartamento foi inicialmente uma produção independente e que Cícero lançou-o em seu site e em sua página do Facebook de forma gratuita, com mais de 10 mil downloads em três semanas. Apenas depois de um tempo foi que uma gravadora aceitou, juntamente à divulgação gratuita, vender também cópias do CD nas lojas. 

Enfim, pode-se dizer que esse é um daqueles álbuns que, mesmo se você só pretendia dar uma ouvida superficial, ele vai te prender a cada mudança de faixa. Apesar de, em sua maior parte, apresentar canções de teor saudosista e solitário, Canções de Apartamento é um grande acréscimo à música brasileira e também nos lembra de que é preciso relevar os acontecimentos, afinal, “o dia vai raiar pra gente se inventar de novo”.


17 junho, 2014

Saturno de José - Saturno de José (2013)

Nota: 9,0






Matheus Donay





"Res-pei-tá-vel público! El grande circo apresenta: SATURNO DE JOSÉ!"

É com muito prazer que lhes apresento o primeiro EP da banda. Recheado de boas energias, levadas contagiantes e letras de pura harmonia. Saturno é a banda ideal para se dançar com o morador de rua bêbado que anima o público durante os shows abertos. É alegria, soberania, juventude e felicidade.

"...Venham ver o Menino Laranja e seus amigos de plástico. Aí vêm eles, aí vêm eles! SEJAM BEM-VINDOS!"

Abrindo o disco, Ladrões de Alegria já mostra de cara a identidade da banda. Numa atmosfera de circo, flautas entrelaçam linhas de teclado e violão, formando uma sonoridade única. Se ouvir esta música e deixar a imaginação te levar, você vai parar num espetáculo cheio de malabaristas, monociclistas e palhaços, além de se sentir uma criança num mundo fantástico. "Viemos roubar o seu sorriso, somos ladrões de alegria!"

Saturno de José trás consigo letras simples, sinceras e cativantes. É o caso de Soberano, em que a alegria de viver é estampada acima de qualquer gargalho, como a exploração sofrida pelo eu-lírico da música. "Não tenha dó de mim, não tenha dó de nós, eu não sou santo para andar pendurado em chaveiro de fazendeiro de madame." O triângulo dita o ritmo junto com o afoxé e se encontra com sonoridades típicas nordestinas - além do simpático clarinete. Outra canção que tem o DNA parecido é Fonte da Juventude, com um espírito jovial, aventureiro e apaixonado. "E um suspiro me sobe a espinha, aposto que é aquela menina. Ela vai passar e me ver celebrar o frio na barriga que vai me dar, se ela sorrir."

"Então deixa a felicidade vir...". De forma tímida e singela, a Saturno de José começa a convidar para o carnaval que vem em seguida. É em Felicidade é que se forma a folia, a dança desenfreada, o chapéu e as mãos pra cima, a excitação! Entre apitos e buzinas, gritos e explosões de energias, nada mais importa, além da pura e verdadeira alegria. "...Deixa a felicidade desabar aqui! E eu não vou me importar se pra casa eu não souber voltar!" 

Embalados pela flauta suave, as canções doces são firmadas em Adoçar, com uma leve pitada de gaita de boca. "Chegou a hora de brincar, correr, cair, chorar, saltar, voar, mas não se esqueça de adoçar o café." A letra deixa transparecer uma mensagem de ambiente muito familiar. Uma vivência que vai evoluindo em etapas até a hora de partir. "E quando você atingir o céu pra nos fazer feliz, por favor, não se esqueça da gente, por favor, não se esqueça de mim."

Saturno, por fim, é uma boa pedida tanto para o êxtase e euforia quanto para um momento de calma e reflexão. Um som puro, leve, sincero e original. Convide os amigos, a família e o cachorro para desfrutar do El Grande Circo Saturno de José!

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Hiozer, membro da Saturno de José, conversou com a gente e respondeu algumas perguntas.

Notório - O que torna a Saturno de José ladrões de alegria?
Hiozer:  Ao meu ver originalmente a música fala da constante ideia de mudar o rumo da vida. Mais especificamente, de lutar para sair de algum sistema opressor ou repressor, de buscar os próprios meios de se viver a vida. Tanta gente vive pautada por uma série de indicadores sociais e culturais, ensinados na mídia, nas famílias, nas escolas. É um sistema que funciona para poucos. Na época da composição da música, o Ivan e eu estávamos trabalhando em empresas que odiávamos, em funções que nada tinham a ver com o que queríamos fazer da vida. A ideia de sair daquela vida surgia todos os dias, assim como surge para quase todos, imagino. Mas quase nunca há oportunidade, muito menos segurança na ideia de pular fora e seguir seus sonhos. Ladrões de Alegria seriam então, todos que aceitam participar deste sistema. Colegas de trabalho, chefes, amigos, familiares. Todas as pessoas que não conseguem, não entendem ou não aceitam a possibilidade de se viver fora de um certo status quo. Toda a letra foi pautada por isso, e o arranjo que evoca ritmos circenses surgiu naturalmente para acompanhar essa temática. O bom dia automático de todos os dias, a vontade de “mergulhar” contra a vontade de “deixar como está”, e o alivio após conseguir sair, após ter “jogado duas moedas na fonte, nunca mais me preocupei”. Enfim, e nós mesmos, quando aceitamos esse tipo de situação ou as praticamos de uma ou outra maneira, acabamos por ser ladrões de alegria também.

Notório - Tu, ou a própria banda, tem algum artista em específico como referência?
Hiozer: Artistas são vários é claro, a banda como grupo não tem nenhuma referência em conjunto, mas podemos citar algumas coisas individualmente:

Ivan: Belchior, Radiohead, Panda Bear, Frank Zappa, Bob Dylan;
Daniel: Animal Collective, Dylan, Bee Gees, Cartola, Neil Young, Leonard Cohen;
Hiozer: Chopin, Milieu;
Gibran: Hermeto, Tom zé, Raul Seixas, Tony da Gatorra, Zé da folha;

E aproveitamos para indicar bandas independentes que ouvimos e gostamos tanto quanto as grandes que citamos antes: Mindgarden, Dr. Hank, Rocartê.

Notório - O que significam os dois guris na capa do EP?
Hiozer: A foto é o pai do Ivan e um primo dele. Foto de 77. Na época das gravações do disco, achamos que tinha tudo a ver com o clima geral das músicas. A foto por si só é muito boa.

Notório - Podemos esperar alguma coisa nova até o final do ano?
Hiozer: Esperamos que sim, venha coisa nova até o fim do ano. A ideia é que venha bastante.

13 junho, 2014

Geringonça - Geringonça (2013)

Nota: 7,6






Matheus Donay





Eles vieram para confundir e não para explicar. Poderia ser o Tom Zé, mas não é.

"Senhoras e senhores, tenho o enorme prazer de apresentar o maior espetáculo desta terra!"

Assim começa o primeiro EP da Geringonça, confundindo, não-explicando, contagiando e alegrando. Abrindo o trabalho com a música "Geringonça", a banda visita faixa a faixa, explorando o tema das demais canções, como caras canalhas, mulher que não para de beber e que não se importa com bons costumes deste Brasilzão.

Seguindo com "Silêncio", a canção varia entre pianos, por ora dramáticos, e solos de guitarra profundos e bem trabalhados, em harmonia com a sonoridade leviana, lembrando o estilo de música de November Rain, hit do Guns N' Roses.

Uma das mais animadas do EP chama-se Florisbela. Uma descrição da "Nega", extrovertida, animada, de bem com a vida e nem aí para os padrões de comportamento."Florisbela, Florisbela, tira a meleca do nariz! (...) Florisbela, Florisbela, a nega não tá nem aí! Porque pra ela não importa os bom costume do país!". Florisbela vai te contagiar e fazer querer dançar, pois como disseram os Novos Baianos: "Quem não gosta de samba, bom sujeito não é!"

A minha preferida é "Maria do Caos". O triângulo anuncia: aí vem coisa boa, entrando gradativamente pandeiro, bateria, baixo e por fim a viola, lembrando o majestoso Tom Zé! Numa atmosfera meio Florisbela, o alvo da vez é Maria, que não para de beber. "Tudo que eu queria era ver Maria se casar / Maria se estranha e já pega a canha pra se louquiar / Já falei Maria, essa tua mania de entornar / Isso não faz bem, veja que ninguém quer te namorar."

Fechando o EP, a suave voz feminina da banda encanta atingindo altos tons, mergulhada numa canção amorosa onde o bumbo imita o coração. Um queixa sobre os canalhas, corações de pedra! Esses canalhas do tipo que repetem tudo e até decoram declarações de amor.

Descobri a Geringonça na Feira do Livro de Santa Maria, eu estava sentado em uma cadeira, nunca tinha ouvido um segundo da banda. Então o show começou, quem estava presente se contaminou e fui embora suado de tanto dançar. Se possível, vá a um show da Geringonça. Você vai pensar que verá uma apresentação de circo ao ver os integrantes. A verdade é que você vai ver não só um circo, mas um show de música, um teatro, uma arte. Todos originais, autênticos. Programa perfeito para um domingo  ensolarado.

Viva Geringonça!

Onde ouvir: https://soundcloud.com/viva-geringonca/sets/ep-geringon-a-1


The Cribs - The Cribs (2004)

Nota: 6,3






Eduardo Kapp






Primeiro disco da banda dos irmãos Jarman. Ryan, Ross e Gary passam 7 dias num 8-track-studio e aparecem com o disco inteiro gravado. Pra 2004, era um som relativamente novo ainda, na vibe "indie rock". Mas em meio a tantas parecidas que surgiram nessa época, o que eles têm de especial?


Provavelmente a mistura de influências com elementos únicos. Já na segunda faixa: "But it's like you told me // It's nothing to do with acceptance // It's all about escaping." Sei lá eu realmente gostei de algumas das letras. No caso, "You Were Always the One" é provavelmente a melhor música no álbum inteiro. Os vocais, os hooks e a melodia estão muito bem feitos. Por sinal, a voz do Ryan é demais. Se nesse álbum de estréia ela já é bem interessante, nos próximos lançamentos é ainda melhor, tanto no estilo mais grave e etc quanto numas aproximações com falsetes ("You and I")



As músicas mais "catchy" definitivamente são as três, quatro primeiras. No entanto, o resto do disco é na verdade bem interessante (dependendo do momento). "Things You Should Be Knowing" e "Tri'elle" são ótimas. É quase como se a segunda metade fosse um álbum diferente. É mais obscuro e maduro (embora mantenha algumas linhas clichê). Mais "cru", também. 


E é aí que entra a parte das influências (um tanto óbvias, inclusive). Algumas músicas dá pra ouvir claramente o tom e o estilo de guitarra dos Strokes, ou dos Libertines. Principalmente dos libertines. "Baby don't sweat" é o melhor exemplo, creio. Enfim, isso soa um pouco... derivado. O disco só sobrevive porque a combinação das influências trouxe algo um tanto novo e único. É algo mais... COOL. Hard to Explain.


Essas características todas deixam o ~ouvinte~ (VOCÊ E EU) realmente confuso. Talvez o mix e a edição devessem ser diferentes? Talvez algumas músicas não deveriam estar ali? Talvez o álbum devesse ser lançado antes/depois? Só sei que falta alguma coisa. Ou mais de uma.



Enfim.. é um bom álbum.. pra uma estréia. Tem músicas realmente muito boas, e outras meio sem-vontade e até sem sentido (o que diabos é aquela última música?). Vale a pena pra entender as origens de uma baita banda da última década e inclusive, curtir.


Onde ouvir: https://www.youtube.com/watch?v=0-Ewx__zs70