31 julho, 2014

My Bee's Garden - Hunt The Sleeper (2010)

Nota: 6,3






Eduardo Kapp






Melody Prochet, antes de lançar seu primeiro e único álbum solo, participava dessa banda, chamada My Bee's Garden. E por sinal, esse também é o primeiro e único álbum dessa banda. Por alguma razão, é difícil achar quaisquer grandes informações sobre a banda ou o disco na internet. Provavelmente porque a Melody era bem desconhecida na época e esse álbum só foi ressurgir pela própria fama da carreira solo.. Enfim (?), foi lançado pela Bone Voyage Recording Co., que parece ser uma gravadora indie.

De forma geral, o som aqui lembra bastante a parte não-eletrônica da Broadcast, banda dreampop/synthpop. Isso funciona como pró e como contra também, dependendo do momento. Podem ter coisas bem interessantes, com bastante textura, sintetizadores, ambientação e linhas de vocal bem catchy. Isso é, em vários momentos do disco, é um som que mesmo tendo influências claras ainda consegue se reinventar e soar interessante. Isso vale pra várias músicas aqui, vide Hunt The Sleeper, Favorite Lion, All of a Sudden, etc.

Só que tem vários probleminhas que se repetem.. bastante. A percussão é no geral, bem medíocre e repetitiva, que pode ser legal nas primeiras músicas mas depois já fica bastante saturada. Também tem um feeling que parece que algumas músicas foram terminadas de qualquer jeito, sem muito mais esforço, estilo banda de ensino médio apressada.

De qualquer forma, tem uma única faixa que não segue muito a linha do álbum todo mas que chama bastante atenção, "Les Memes Histoires" tem sombrios e convidativos pianos, com uma temática lírica sobre conformação e auto-questionamento. É uma música que parece ter muito potencial não explorado, ou que deixa algo a se pensar pra um futuro próximo lançamento.

Outra coisa interessante é que dá pra perceber de onde vem a essência do estilo de composição da Melody, tanto lírica quanto instrumental. Dá pra ouvir muito desse disco no Melody's Echo Chamber (só que lá muito coisa foi melhorada). Overall, é um álbum sem grandes ambições, bastante acessível e com bons momentos, alguns bastante memoráveis (me pergunto porque é que não lançaram nenhum single), outros bastante medíocres. Um grupo experimentando e crescendo musicalmente.

Onde ouvir: https://www.youtube.com/watch?v=Als5wlU6OXA

29 julho, 2014

The Fratellis - Costello Music (2006)

Nota: 3,7






Eduardo Kapp





Falando sério agora: além das gravadoras e de empresas que fazem propagandas, quem é que precisa dos Fratellis?

Esse é o disco de estréia dos caras, diretamente da Escócia. Com muito volume alto, clichês e voltas em torno do mesmo ponto. Muito. Algo como um Libertines sem variedade e sem as drogas. Algo como um Queens of the Stone Age focado na parte country e "classic" rock. É realmente difícil demonstrar o nível de decepção com essa coisa aqui. Enfim.

É claro que não dá pra negar o fato de que os Fratellis são realmente muito bons em fazer singles comerciais. Todos aqui já ouvimos em todo tipo de mídia e festa as "Flathead" e "Chelsea Dagger", e até outras, como "Henrietta" e "Whistle for the Choir". Esses singles emplacaram o álbum. E é fácil perceber como do álbum inteiro, as pessoas só lembram da primeira parte, e da primeira parte, só lembram que as músicas são parecidas. Óbvio! A maioria das músicas nesse disco se utilizam dos mesmíssimos recursos.

É uma receita até que simples, vocais em coro, bateria muito alta e muito bem marcada, intermináveis powerchords e paradas "inesperadas" (que não são inesperadas). Adicione também temáticas idênticas o tempo todo! Indo atrás da garota e tomando o fora da mesma. O típico "Pub Rock", que é divertido e legal e tudo durante uns 15 minutos (enquanto bêbado). São músicas medíocres, e mesmo assim são as melhores do álbum.

Se a faixa não segue essa receita, segue uma segunda, ainda pior: uma espécie de folk/country rock que cai naquela categoria horrível do Netflix "filmes de fim de noite" (só que fim de noite naquele mesmo pub citado anteriormente, agora já completamente sujo e as pessoas deprimidas). O melhor exemplo disso é "Ole Black and Blue Eyes", que felizmente, é a última música dessa terrível odisséia.

Não tem nada de interessante, nada de novo e quase nada memorável. Só tem músicas que souberam aproveitar de elementos que sempre deram certo em singles.

Tudo bem, se você é fã dos singles e ainda não está convencido: tente apresentar a banda a alguém que não conhece usando as outras músicas e ainda a convencer que não se trata de um grupo amador local.

27 julho, 2014

Ronnie Von - Ronnie Von (1969)

Nota: 8,3






Eduardo Kapp






Normalmente quando se diz por aí que se gosta de Ronnie Von, todo mundo te lembra o quanto "cara, minha vó ouvia isso, como assim." E essas pessoas, de certa forma, estão certas. Mas calma aí, não precisa passar pra próxima review, o ponto é que, o cantor bonito e famoso e brega e tudo mais teve uma breve fase experimental, torcendo e revirando seus próprios conceitos de música (e sua gravadora, mas isso é outra história).

Depois de "sucessos" como "A Praça" e "A Catedral", advindos de um dos álbuns mais bregas de todos os tempos (o primeiro auto-intitulado), Ronnie Von era um ser muito bem conhecido na Jovem Guarda. Vendia bastante, tocava na novela e ia pro rádio pra tocar mais uma vez. Por razões ainda desconhecidas, este álbum que é mais um de seus auto-intitulados, lançado em 1969, muda tudo que sabíamos sobre Ronnie Von.

Dessa vez com órgãos elétricos distorcidos, enormes orquestras, distorções em suas antes inocentes guitarras, esse disco é uma revolução (para Ronnie Von). Quero dizer que, as clássicas características brasileiras da época estão todas lá, mas ainda assim, não se pode dizer que era só mais um disco "tropicalista", pois estava fora disso, estava em seu próprio mundo.

Aqui Ronnie Von fala sobre seu "Novo Cantar", referencia o futebol e até cria falsos anúncios pra mostrar o quanto está feliz em dizer que não é mais brega. E o que realmente chama atenção é sua forma de misturar a influência do rock sessentista internacional (que estava obviamente em alta) com progressões de acordes lá do século 18 (18 sim, que saco usar números romanos). Nesse ponto, o primeiro nome que vem a mente é a estranha e muito bem cuidada "Espelhos Quebrados", que fala sobre sapatos e incenso nacionais. Sem falar da temática das cadeiras. Muito boa mesmo.

De quebra, o disco conta com uma revolução dentro dele mesmo. Uma música muito mais doida que todas as outras juntas: "Mil Novecentos e Além", que parece ser só mais uma música qualquer, até a psicodelia sem drogas de Ronnie te acertar uma pancada no ouvido direito com algo que ele mesmo criou, uma técnica que consistia em aparentemente, bater nas cordas de um piano com uma baqueta daquelas que se usa em bumbos. Bizarro. E ainda mais bizarro quando de forma completamente aleatória, vem uma voz dizendo: "Varte, traz as porpeta" (?).

Chegamos ao ponto da psicodelia sem o uso de drogas. Se é mito ou não, é o que dizem sobre Ronnie. E isso talvez explique o porquê de que em algumas músicas algumas linhas parecem bem... forçadas. Não são muitos, mas existem alguns momentos desse tipo, em que bom, Ronnie podia ter ficado quieto. Também não deram certo algumas misturas de linhas Mutânticas com algumas "memórias" da fase brega, tipo em "Canto de Despedida". Trash.

Psicodélico, triste, feliz, bizarro e por vezes muito divertido, esse álbum foi resgatado da poeira pelo fim dos anos 90, quando colecionadores, principalmente na Europa, começaram a valorizar muito estes discos da fase experimental de Ronnie. Assim, o interesse foi renovado, e os álbuns até voltaram a ser produzidos. Hoje em dia mesmo, dá pra encontrar em qualquer livraria. E vale muito a pena, é um grande momento da música brasileira.



23 julho, 2014

Giovanni Caruso e o Escambau - Acontece nas melhores famílias (2009)

nota: 7,9




Matheus Donay






Após o fim da banda Faichecleres, o até então baixista e vocalista Giovanni Caruso assume um trabalho novo.  Diretamente de Curitiba, Giovanni se distancia um pouco de influências como os Beatles, Stones e The Who, afastando-se um pouco do rock sessentista e voltando-se à músicas mais leves e suaves, algo mais próximo do jazz. Diria até mais elegantes.

Logo na primeira faixa, "Desparafuso", é notável a transição da antiga para a nova fase. A abordagem sexual nas letras são entoadas de maneira mais sensíveis, até mesmo mais sofridas, mas ainda assim, muito provocativas. "Tenho guardado uma gravação com teus gemidos / Alguns retratos, umas roupas e alguns discos / Rodeado de incertezas, ontem sentado aqui / Me masturbei pensando em ti."

Apostando em guitarras discretas e não muito barulhentas, a voz forte do vocal ganha destaque, além de dar espaço a outros instrumentos, como é em "Prostituta Apaixonada", onde desfila o acordeon. Também resultado disso, o baixo se mostra notório integralmente. O álbum ainda tem uma atmosfera de "cafés, bares, cerveja", alinhados à situações amorosas e àquelas coisinhas vintages europeias.

Umas das melhores músicas do disco é "Kallandra's Bar". Nela você vai sentir o gostinho de ouvir um vinil em uma vitrola, mesmo que esteja no seu computador em MP3. Um daqueles dramas de bar narrado sob uma charmosa linha de piano. A música que começa devagar vai ganhando corpo ao seu decorrer, até acabar com uma fusão de trompetes, pianos, baixo, palmas e aquele chiado da agulha arranhando o disco.

O disco ainda conta com a voz feminina de uma das integrantes da banda, Escambau Paraguya, em trechos na faixa "Dos amores mais vendidos." "Mônica e suas esculturas" é outra faixa de destaque, retratando de modo fiel os artistas independentes de hoje no Brasil.

Mesmo não sendo muito difundida e sobrevivendo ao underground, é uma obra bem trabalhada, e com certo charme em seus arranjos suaves. Uma boa pedida para os apreciadores de um rock confortável aos ouvidos.

13 julho, 2014

Júpiter Maçã - A Sétima Efervescência (1997)

Nota: 9,6





Matheus Donay
Eduardo Kapp






Porto Alegre, anos 90. 

A cena rockeira não vivia seu melhor momento após o fim de bandas importantes como TNT e Cascavelletes, as quais Flávio Basso fizera parte. O ambiente não era favorável no âmbito regional e muito menos em âmbito nacional, onde a sonoridade vigente passa longe das loucuras musicais que viriam com certa dificuldade de mercado e público fiel. Então, os garotos que movimentavam as noites no Bomfim, como Júpiter e Frank Jorge (Graforreia Xilarmônica) começam a aflorar trabalhos que revolucionariam o cenário incerto em que viviam.

Mas o underground sempre resiste. É com os Pereiras Azuis que Flávio grava uma fita demo em 1995. Neste tape com 16 faixas começava a nascer a alma da Sétima Efervescência. Durante dois anos, músicas foram sendo incorporadas, algumas perderam espaço e outras se modificaram. Então, em 1997, chega ao mundo a obra psicodélica do beatle porto-alegrense (atribuição dada pelo próprio). O álbum que chegava sem grandes expectativas e considerado como algo fora de época é aclamado pela crítica e conquista muitos fãs Rio Grande do Sul afora. A turnê foi um sucesso, onde Júpiter foi acompanhado por Julio Cascaes na guitarra (guitarrista nos dias atuais) e Marcelo Gross (hoje guitarrista da Cachorro Grande).

Júpiter revisita e redescobre grandes ídolos, e isso fica extremamente claro com toda a influência de trabalhos como The Piper At The Gates Of Dawn, que foi o disco de estréia do Pink Floyd, no auge de um ainda saudável Syd Barrett. O lance das letras nonsense e principalmente as guitarras com muito fuzz e reverb herdadas de atos garageiros como os Electric Prunes. Sem falar de outras enormes da mesma época, que também tem muita influência aqui, vide The Who e os Beatles, que embora não tenham inventado a coisa toda obviamente estavam e ainda estão no imaginário popular when it comes to the 60's. E Júpiter não tem nenhum medo de deixar isso bem claro, quando "LSD queira tomar e curta // Syd Barrett e os Beatles".

Os primeiros segundos de disco chegam, fazendo jus ao nome, efervescendo na cabeça de quem o ouve. Um Lugar do Caralho é o hit, um hino, o abre-alas dessa odisséia jupiteriana. Elétrica e muito contagiosa, a música é quase uma visão do underground portoalegrense, com todas as suas cores e anseios. A música foi regravada por Wander Wildner, outro ícone da rock gaúcho, que ficou espantado após comprar uma fita e ouvir a versão demo. Há quem confunda o vocal com o notório Raul Seixas, mas quem conhece a atmosfera de Júpiter sabe: a música é dele, e é deste disco. A trama é pautada numa procura por um lugar onde as pessoas sejam mesmo afudê, loucas, super chapadas, onde se possa dançar e se escabelar. Um Lugar do Caralho é muito mais que uma música. Trata-se de um pedaço imprescindível de uma festa de rock'n roll. Trata-se de uma companheira para as noites de dança, loucura e cerveja - mesmo que barata. 

Seguimos adiante com As Tortas e As Cucas, um retrato fiel das loucuras ácido-coloridas de Flávio Basso. Um dos poucos clipes do álbum é desta música, que, recuperado de uma fita, acabou se perdendo um pedaço. Ainda que em plena forma saudável, Júpiter viaja por cenários inusitados, situações aleatórias e até mesmo bizarras. Nesta faixa, o imprevisível é desconhecido, pois ora, o corpo derrete, a sombra tem vida e o eu-lírico se encontra em posição fetal - dentro do próprio guarda-roupa. O solo de flauta na reta final da música evoca uma paisagem bucólica e confortante, onde você também poderá viajar mesmo que sóbrio.

Uma das canções mais psicodélicas do álbum é Querida Superhist x Mr. Frog. É som pra ficar zen, acender um incenso, ouvir e entrar na melodia. Assim como as já citadas, Querida Superhist foi mais um single do disco. Em seguida, Pictures and Paintings. Ou então "liberte o The Who que há dentro de você, man." Então o estilo largado e despojado toma conta e é dado o adeus para os padrões estéticos. "Quero toda sua escrotisse!" (...) "Amei o seu estilo e o seu cabelo / Curto e grudado na testa / Até parece que você não toma banho!"

E como todo bom poeta, mesmo cercado de letras pecadoras quanto aos bons costumes, Júpiter se rende ao amor em Eu e Minha Ex. Num cenário totalmente pautado em Porto Alegre, a música começa de forma um tanto quanto misteriosa e macabra. Em tom de sofrimento, os primeiros versos transpõe diálogos cult-amorosos em algum café do Mercado Público. O refrão é a eclosão da dramaticidade vivida com a amada. Ao prantos, "Eu e minha ex / Queremos amizade / Mas acho que eu não superei / Talvez ainda goste dela." Ouso dizer que é a música com o instrumental mais bem trabalho de todo o álbum. É bem capaz que você se emocione com o eu-poético. E claro, não poderia faltar a psicodelia, mesmo que desta vez acompanhada de altas doses de melancolia. Uma ressaca após as danças tramadas nas primeiras faixas. 

Voltando às suas origens, Júpiter retoma a temática sexual, marca registrada dos Cascavelletes. É o caso das músicas "As outras que me querem" e "Essência Interior". Típico porn rock, com palavrões, baixo calão e termos chulos. Algumas canções, ainda que ricas, são geralmente esquecidas. "Walter Victor" e "O Novo Namorado", mesmo que não tenham se tornado grandes hits do álbum, têm seu valor. Ambas embalam danças e não te deixam cair na inércia. Falando em dançar... "The Freaking Alice (Hippie Undergroove)"! Outra música que "caiu no esquecimento" e que, por detalhe, não é outro hino do álbum. 

Então a lisergia jupiteriana resolve se acomodar em canções macias e leves, como é o caso de "Miss Lexotan 6mg Garota" e "Canção pra Dormir". Assim como em Eu e Minha Ex, o amor retorna como tema, porém agora no sofrimento de Miss Lexotan. "Ela teme intensamente / que jamais conheça um carinha / que vai comê-la estando apaixonado."

Júpiter também é vanguardista. Em uma atmosfera (como você já aprendeu) psicodélica, é acrescentado um tanto de futurismo. Sim, o álbum é de 1997, ouvindo você se sente nos anos 60 e tem a sensação arrancar um pedaço do futuro. Aí você vai encontrar "Sociedades Humanoides Fantásticas", e a música (um tanto sombria e pink floydiana) que dá nome ao disco: "A Sétima Efervescência Intergaláctica", um embarque à viagem ácida ao espaço.

Depois de tanto dito, é de novo óbvia a influência e total imersão nos anos 60 em que Júpiter se encontrava. Fica muito difícil "julgar" isso, porque se por um lado o disco não é nenhuma grande inovação (muito pelo contrário), por outro esse álbum é importantíssimo no cenário local e nacional. Rendeu seus hinos, foi reverenciado e consolidado. Se mesmo com algumas faixas sendo quase que um plágio descarado ("Substitute" de 1966 e "Pictures And Paintings"), o álbum motivou muitos artistas a descobrirem e redescobrirem toda essa temática sessentista e suas afluências. É aquele revival que dá certo, é aquele flashback afudê. Por isso fica claro que o disco não aconteceu do nada! Foi quase que uma consequência natural do contexto de certos grupos relacionados ao ~rock gaúcho~ na época.

E claro, o toque pessoal do Júpiter tem seu valor. Mesmo a musicalidade sendo não tão original, o conteúdo lírico e a temática (como descritos anteriormente) são muitíssimo interessantes, sem falar da imprevisibilidade entre uma música e outra, que vai criando um novo universo a cada passagem. Um essencial quando se fala em psicodelia, rock de garagem e Porto Alegre.

07 julho, 2014

Guri - Quando Calou-se a Multidão (2013)


Nota: 7,8





Matheus Donay






Alexandre Assis Brasil, de nome artístico Guri, é guitarrista e compositor da Pública, além de tocar na Orquestra Brasileira de Música Jamaicana e ser aquele músico que seguido você encontra em algum bar em São Paulo. Guri, debutando em carreira solo, se afasta do "britpop gaúcho" que costumava a lidar e mergulha na melancolia e na instabilidade amorosa.

Financiado coletivamente através de crowdfunding, Quando Calou-se a Multidão, como o próprio nome insinua, é um desabafo ao silêncio. Guri parece estar rodeado de pessoas onde o vácuo ecoa. O eu-lírico, não tão rebuscado, parece ser de alguma escola literária romântica, objetiva, direto na ferida. Assim são as canções do disco. 

Com guitarras modestas, Guri aposta na simplicidade do seu som, ao mesmo tempo em que se apresenta de maneira firme e pode acabar lhe tocando. A faixa "Todos meus amigos vão me ouvir cantar" é uma boa pedida para começar a ouvir o som dele. Com um instrumental bem trabalhado, a canção chega a lembrar "Tighten Up", dos Black Keys, e é um dos destaques do álbum. Para os apaixonados por um violão meio tímido e algo mais simples e acústico, as faixas "Ao Sul" (com participação do Pélico), "Sobre o Céu e a Terra" e "Shangai" são as dicas. 

Quando Calou-se a Multidão é um disco simples, com apenas 10 faixas. É daqueles sem muitos efeitos, solos de guitarras ou algo do tipo, porém cativantes. Por ser tão simples, direto e claro, com boas letras (para aqueles que apreciam o desamor nas músicas), o trabalho chega como uma das novidades positivas do cenário independente brasileiro.

Streaming e download do disco: http://www.guriassisbrasil.com.br/