04 setembro, 2014

Ian Ramil - Ian (2014)

nota: 8,3





Matheus Donay





Ian Ramil é filho de Vitor Ramil, sobrinho da dupla Kleiton e Kledir, compositor de algumas canções da Apanhador Só e também dono do disco que leva seu nome, Ian. E filho de peixe nem sempre peixinho é. Ian lança o seu primeiro disco com sua própria carteira de identidade. Adulto e maduro. Até demais para um disco de estreia. 

O álbum é um retrato da nova geração de músicos gaúchos. Não necessariamente precisa-se de guitarras carregadas de efeitos ou riffs que ficam na cabeça. Muito longe disso, concreto em sua própria identidade, o álbum não tem gênero específico, o que pode justificar a autenticidade do artista. Sem falar das influências que vão dos Beatles à música popular brasileira, de Jorge Ben à Nirvana.

Gravado em Buenos Aires, o disco conta com recursos longe de coisas megalomaníacas. Boa parte das canções focam em instrumentos de corda como violões, ukulele, coisas simples. Lá, raramente, surge algum trompete,  um sax, por ora até algum beatbox. 

Você já deve ter ouvido/lido o nome desse cara em alguma entrevista ou encarte de disco da Apanhador Só. Claro, Ian compôs vários hits da banda como Um rei e o zé, Nescafé e Despirocar. Com arranjos diferentes do pop rock da Apanhador, gravou em seu disco as músicas Rota e Nescafé. Na música Zero e um é possível notar algum parentesco com Vitta, Ian, Cassales (o Ian da música é o próprio), tanto no tipo de  letra quanto no instrumental.

Nescafé (no seu disco) vem com um tempero a mais e Ian incorpora os beatles com vozes que referenciam She's so heavy. Nota-se um processo criativo bem alternado e variável na progressão das músicas, alternando as líricas canções de amor como Suvenir e Seis Patinhos com as mais cotidianas Pelicano e Zero e um. Sem contar o country americano de Hamburger e a instigante Cabeça de Painel, que mescla trechos em inglês-português.

Ian é um disco abrangente. Flerta com muita coisa mesmo contando com arranjos simples. Influenciado pelo tripé The Beatles-Nirvana-Radiohead e remodelado à brasileirisse popular, disco interessante para os apreciadores de rock, mpb, samba e pop. Além de ser uma surpresa, figura entre os melhores disco do ano no Brasil.

Onde ouvir: http://www.ianramil.com/

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