01 outubro, 2014

Amy Winehouse - Back To Black (2006)



Nota: 7,3





Fernanda Rodrigues




Ela podia até cair no palco, esquecer a letra de algumas músicas e passar mal durante shows, mas nada disso ofuscava sua voz penetrante. Amy Winehouse lançou, em 2006, seu segundo (e último) álbum de estúdio Back to Black, trazendo sua interpretação contemporânea de soul e jazz inspirada em Ray Charles, Donny Hathaway e Slick Rick.

Abrindo com o single Rehab, a cantora já deixa bem claro como serão as músicas do disco: de tom intimista e confessional (sem se importar se as pessoas vão gostar de suas histórias ou não). Nada como desilusões amorosas e tropeços da vida para embalar um bom Motown-style. Versos como "Me and my head high/ And my tears dry/ Get on without my guy", da faixa-título Back to Black, e "Moon spilling in/ And I wake up alone", de Wake Up Alone, são apenas alguns que descrevem a sua frustração e falta de habilidade com os relacionamentos que já teve.

Há uma evolução, porém, através das músicas que nos passa a ideia de que Amy (ao menos) tenta superar o problema com seus caras. Love Is Losing Game pode ser considerada aquela fase de pós-término (com um pouco de autopiedade?) pela qual todos passam: o amor não presta e é, de longe, um jogo perdido. Quem precisa dele?! Em Addicted, ela chega a deixar claro que mais vale uma plantação de maconha em casa do que um homem em sua cama... okay. "I'm my own man", canta ela. 

Além das já citadas inspirações, Amy ainda revelou ter sido influenciada pela girl band The Shangri-las, da década de 60. Em entrevista a BBC Music, no festival Other Voices, Amy disse que sua música favorita delas era uma que ela ouviu repetidas vezes após uma das várias ocasiões em que havia "terminado" com eu marido Blake Fielder-Civil, "I Can Never Go Home Anymore". "Eu costumava ouvir aquela música repetidamente, sentada no chão da minha cozinha com uma garrafa de Jack Daniel's", confessou ela. Quem nunca?

Ainda que tenha sido sucesso de vendas no Reino Unido, tornando-se o álbum mais vendido do século por lá, as bases em Motown de Back To Black revelam o grande pé dentro da música americana que a cantora britânica possui. Afora isso, embora Amy tenha cantado sobre dores de amor que todo mundo sente e sobre términos que todo mundo passa, sua voz se fez essencial para que seus versos não se tornassem monótonos e clichês (afinal, todos estamos cansados de desilusões amorosas). A pergunta que fica é: o que mais essa cantora nada comum teria produzido se ainda estivesse viva? 

Nenhum comentário:

Postar um comentário