13 outubro, 2014

Foxygen - ...And Star Power (2014)

Nota: 6,4







Eduardo Kapp





Já se dizia em 2012 que o Foxygen era, entre outras coisas, uma banda feita por um clone do Mick Jagger que encontrou uma máquina do tempo e foi direto de 66' pra 2008. Eu sempre acreditei nisso. Em N músicas de seu primeiro lançamento "Take The Kids Off Broadway" (que foi meio bedroom-pop), é difícil negar tal proposição. Isso, no entanto, era seu pró e seu contra. Afinal, é melhor ouvir o próprio Jagger, não?

Só que tudo isso foi destruído e desmistificado em "We Are the 21st Century Ambassadors of Peace & Magic", quando os limites foram expandidos, a produção melhorou de forma gritante e já não dava pra associar o som deles a um nome em específico (embora as influências ainda fossem um pouco óbvias e os timbres do Jagger persistissem rsrs). Sucesso das crítica tudo. Daí em diante, o Foxygen entrou na rotina de uma banda mediana, com extensas e nem tão bem pagas tours.

Agora, basicamente, junte tudo o que aconteceu na trajetória do Foxygen e... misture. O resultado se parecerá com você. Confusão, insanidade, intensidade, existência e inconsistência. O bem e o mal. É difícil começar a falar sobre o último lançamento da banda, com 24 (VINTE E QUATRO) músicas, num exótico disco duplo.

No início, dá pra concluir 2 coisas rapidinho: a) umas pessoas aí andaram ouvindo muito as primeiras músicas do também duplo "Something/Anything", do Todd Rundgren. Não é a toa que, num tweet, os caras já pré-anunciaram o fato de que "How Can You Really", uma das principais novas músicas, é um plágio sem escrúpulos de "I Saw The Light". O mesmo vale pra "Star Power Iv: Ooh Ooh" e "It Wouldn't Have Made Any Difference".  b) As psicodelia e as viagem mais "glam" (a tecla "Todd" é pressionada aqui mais uma vez) se misturaram com os elementos mais marcantes dos dois primeiros discos.

Na primeira metade, por assim dizer, é onde mais se encontra consistência. Aparentemente numa tentativa de ser conceitual, eu não diria que eles tenham falhado por completo. Tem toda uma atmosfera de uma genérica grande banda de rock qualquer no início dos anos 70 (inclusive pelo próprio conceito de ser conceitual) e a temática do "Star Power".

Bastante noise, algumas recriações do pop anos 60 com direito a seções propositalmente lo-fi (contrariando, talvez, a boa produção do segundo disco?). Algumas partes muito interessantes, mostrando uma melhora na complexidade e variedade de temáticas/sons. Dá pra citar facilmente as 5 primeiras. O problema começa no fim das I-II-III-IV Star Power. A coisa engrenou, engrenou e... morreu.

Depois da doce e reconfortante "I don't Have Anything/The Gate", é como se fosse outro álbum. Eu diria que isso podia ser até interessante, se não fosse o fato de que, duas músicas depois, um "terceiro" álbum surgir (ad infinitum). A inconsistência toma conta. A banda batalha contra si mesma, incansavelmente, suando, com raiva do próximo show de amanhã numa cidade do interior, comendo comida trash e enchendo a cara pela décima vez em 10 dias.

Não dá pra dizer que são músicas "ruins", mas pra ideia de "álbum" elas definitivamente não servem. A ordem, a sonoridade, sei lá. Não funciona. Cansa a mente do ouvinte, a atenção se vai. Os únicos momentos em que eu aterrisei de volta pro disco, foram em "Wally's Farm" (com seus surpreendentemente criativos sintetizadores, a la Brian Wilson) e "Can't Contextualize My Mind" (que cria uma espécie de Surf Jam em cima de "Bowling Trophies" pra depois literalmente quebrar tudo num thrashy-punk-stones-rock'n-roll). A sensação recorrente é de que as músicas foram todas jogadas por cima depois que a galera da produção se cansou de fazer esforço.

O que eu posso dizer? Tenta se acalmar, Foxygen.





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