16 novembro, 2014

Pink Floyd - The Endless River (2014)

Nota: 7,3







Eduardo Kapp





Nessa segunda feira (dia 10 de Novembro) foi lançado o que é provavelmente o último álbum do Pink Floyd. O último desde o Division Bell (de 1994), completando 20 anos sem nada de novo. Na verdade, não é algo exatamente "novo", afinal essas músicas deveriam ter sido o "disco 2" de um Division Bell duplo que não chegou a ver a luz do dia devido a questões contratuais e etc.

Se não é nada de novo, porque fazer disso um álbum? Gilmour e Mason pretendem, na verdade, homenagear e lembrar Richard Wright, que foi nada menos que um dos membros originais da banda, permanecendo em todos os álbuns (mesmo que em alguns como músico contratado). Morreu em setembro de 2008. Sendo muito justo, esse tributo faz com que o álbum seja quase instrumental por inteiro.

O nome "The Endless River" é provavelmente uma referência ao final do Division Bell, nos versos de "High Hopes": "The Water Flowing // The Endless River // Forever and Ever". Pode ser também uma referência a um dos primeiríssimos singles da banda, "See Emily Play" (1967): "Put on a gown that touches the ground // Float on a river for ever and ever".

Acho que já deu pra perceber que pra se falar desse disco é preciso lembrar um pouco do contexto da banda pós "The Final Cut" (1983), quando Roger Waters sai do grupo, por divergências pessoais e criativas. Ele sai pensando que a banda ia acabar com sua saída, mas após um longo processo judicial o restante dos membros consegue manter os direitos e o nome "Pink Floyd", entrando assim na "Era Gilmour", onde David Gilmour (duh?) é a liderança criativa.

Essa "era" é muito mais focada na música do que na letra, é mais cansada e mais velha, é um Gilmour refletindo sobre o fim de sua carreira (e sua vida), nostálgico. Sendo assim, é óbvio que isso ia refletir no "The Endless River". Só que a mais notória diferença aqui é que, por ser uma homenagem logo ao Wright (deusa o tenha), tem muito mais improviso no lugar das notas frias e metódicas.

São 18 faixas (e ainda tem umas 5 bônus tracks), tendo vocais em apenas uma delas, "Lost for Words" (com a letra escrita pela mulher de Gilmour). No início já nos deparamos com "It's what we do", uma espécie de Shine on you crazy diamond barata, lembrando muito principalmente pelo synth. Ou seja, esse disco é talvez o único em todo o catálogo da banda que olha mais pro passado do que pro futuro, sem apostar em nada inovador ou diferente. Virtual/literalmente são memórias e mais memórias de álbuns como o Wish you Were Here, The Wall e o próprio Division Bell.

Mas o que salva a coisa toda por aqui é talvez... justamente isso? Tudo bem, não foi uma enorme despedida com um material super significante e tudo, mas foi um ótimo jeito de, sabe, lembrar os bons tempos? Ainda dá pra ouvir uma banda se divertindo e colocando energia em faixas como "Sum" (provavelmente a melhor do disco), "Skins" (Mason se soltando, finalmente) e "Allons-Y" (os acordes The Wall-ianos).

Tudo bem que tem umas músicas que mais parecem trilha sonora de vídeo de formatura de colégio, meio Enya, sei lá. Tudo bem que em pelo menos 3 ou 4 faixas são só jams sem nenhuma direção ou propósito. Tudo bem que o Hawkin aparece OUTRA vez (porque é que ele apareceu at all em qualquer disco?).

A questão é que se você é fã, conhece boa parte do trabalho do grupo e gosta de umas coisas mais experimentais/instrumentais, é um disco que te deixa no mínimo nostálgico e pensativo.

Onde ouvir: http://grooveshark.com/#!/album/The+Endless+River/9944627

Um comentário:

  1. Esta análise supera na forma e conteúdo a todas as outras que li sobre o assunto. Parabém Kapp

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