11 dezembro, 2014

Identidade - Jogo Sujo (2007)

nota: 7,3





Matheus Donay






Ah, o rock gaúcho...

Wander Wildner dizia em uma entrevista que para ele essa história  não existe, que todo bairrismo é fascista e que rock é rock seja no Rio Grande do Sul, no Rio de Janeiro, whatever. Tudo bem, gaúcho gosta mesmo de valorizar o que é da terra nativa e claro, com a música não seria diferente. Desde a ascensão de bandas como  TNT, Cascavelletes, Garotos da Rua e De Falla, aliado ao forte movimento contra-cultural que tomava as ruas do bonfim em Porto Alegre nos anos 80, o rock ganhou firmamento e construiu uma identidade característica no sul. 

Obviamente, as bandas mudam, os sons acompanham as mudanças mas a bandeira do rock daqui manteve-se. A Identidade foi uma dessas bandas que ajudou a manter o movimento nos anos 2000. Batizada no começo por Identidade Zero, o primeiro álbum não tinha aqueeela qualidade de gravação, mas ainda assim não era um trabalho desprezível se levarmos em conta que era uma banda em inicio de carreira. 

Surge então em 2007 o Jogo Sujo. Com formação nova, ideias novas, timbres novos. Ok, fica explícito que o disco é um culto aos Rolling Stones, mas isso não é vergonha pra eles, que se orgulham de ter um som inspirado nos ingleses. O vocal novo de Evandro Bitt chegou como um curinga no novo estilo de som, agora dançante e transbordando energia. A própria presença de palco era outra após as mudanças. Bitt, you moves like Jagger.

Nas letras o recorrente apelo sexo-amoroso, mas sem palavras ~chulas~ e cenas explícitas. O próprio nome de algumas músicas já anunciam as tramas, como em A sós, sem pudor, Ninguém é de ninguém, e Nosso tesão não vai ter fim. A baladinha amorosa do disco fica por conta de Miss Sixty: a clássica levada nos tecladinhos e percussão cadenciada.

No instrumental, o clássico padrão rock: uma guitarrinha meio ~enferrujada~ distorcendo a levada oriunda da guitarra base. Alguns solos costurados aqui e ali. Bateria acompanhando o som e acolá uma meia-lua.

Lucas Hanke, o guitar-man ja não era mais um guri (apesar de se deixar levar pela cabeleira). Tocava em shows na banda de apoio do Júpiter Maçã. Sons diferentes dos da Identidade, ok, mas agora com outro nível de experiência, criatividade (mesmo que baseada em alguma bíblia escrita pelo Keith Richards rsrsrs) e ousadia pra substituir os violões e guitas marcadas pelos riffs trabalhados e melódicos.

Com a ascensão da internet ficou muito mais fácil achar os artistas de determinados gêneros. Hoje em dia Jogo Sujo - para aqueles que nao o conhecem ou gostam do estilo - é um album sem uma visibilidade merecida, como funciona com boa parte das bandas do RS que estão fora da rota da grande midia. Ainda assim, o álbum sustenta, junto com o trabalhos posteriores, casas de show com público fiel. Atualmente, Jogo Sujo é expectativa de boas danças e um revival agradável nos bares Rio Grande do Sul afora.


Onde ouvir: https://www.youtube.com/watch?v=f5B1k3-6S3o

Nenhum comentário:

Postar um comentário