04 janeiro, 2015

Homeshake - In The Shower (2014)

Nota: 8,4






Eduardo Kapp





Quando eu 'tava no show do Mac Demarco em março do ano passado (queria deixar claro que ainda não caiu a ficha que estamos em 2015), fiquei um tanto incomodado com a ~postura~  e humor do guitarrista da banda de apoio, da banda que vai em tour com o Mac. Falo de Peter Sagar, que definitivamente mudou minha opinião sobre ele depois de lançar um EP no fim de 2013, com um estilo interessantíssimo, que embora inevitavelmente semelhante ao Mac Demarco, desenvolve suas próprias características. Em razão disso tudo saiu da banda faz alguns meses.

A vibe desses sons remete exatamente ao que eles são: músicas da parte oculta do bandcamp (pra quem não sabe, esse é um site onde artistas independentes ou não colocam suas músicas "à venda"), uma terra onde a inovação e as coisas bizarras costumam acontecer. Digo, o "In The Shower" mal começa a girar e ouvimos uma voz de uma espécie de apresentador de um circo ou algo que o valha acordado além do normal devido ao uso de substâncias, nos dando as boas vindas ao seu novo record, Homeshake.

É difícil explicar o que eu senti quando ouvi "She Can't Leave Me Here Alone Tonight" pela primeira vez. Um ultra-groove-hipnótico-caleidoscópico-cansado-e-implacável. Tem aquelas jazzy-guitarras com os tons do Mac, só que arranjadas de um jeito novo e usando wah-wah. O baixo tá muito longe de só acompanhar, completando cada espaço não-preenchido e dando voltas pela sala.

O ponto que vai ficando cada vez mais claro e interessante por todo esse disco é o fato de que mesmo quem sempre esteve envolvido em joke-trashy-projects musicais, sempre fazendo música só por fazer e foda-se tudo também pode chegar no seu ponto de expressar pura decepção e enfim, algo mais "profundo". Mesmo que isso se torne um pouco chato para alguns ou pra quem tá ouvindo de novo e de novo.

A coisa - num sentido de emoção e alegria - vai realmente indo ladeira a baixo, a velocidade diminui, os tons diminuem na 100% bads "Okay". Basicamente esses sons fazem tu se sentir surfando lentamente numa onda eletromagnética de tristeza vazia. "I won't remember what's your name // Guess I don't know" !!!! Pra quem não é muito fã disso, don't worry, o ritmo sobe de novo em "Slow" (o nome é meramente ilustrativo), numa gentil balada uptempo, muito bem produzida, por sinal. 

Isso tudo sem deixar de falar dos vários momentos de psicodelia que assombram de forma muito bela algumas partes desse álbum. Vozes que saem do nada, sons de guitarra de outro mundo. A música "Heart" é praticamente só isso. Eu diria que contribuem pra imersão, que como dito antes é o ponto alto por aqui.

Enfim. Me desculpem xs senhorxs, mas as comparações são realmente inevitáveis entre os dois. Espere aqui uma espécie de Mac Demarco da época do "Rock'n roll Night Club", só que sem as partes ultra-estranhas e com mais groove.




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