16 abril, 2015

Sufjan Stevens - Carrie & Lowell (2015)

N
   o
       t
          a
              : 6,0



Eduardo Kapp




A moral é que às vezes eu simplesmente esqueço como essa ~era da internet é absurdamente rápida. Digo, a pessoa comum mal ouviu um ou dois álbuns que tenham sido lançados esse ano e já tem listas e mais listas dos melhores até aqui, ou listas de puro hype, comentando futuros lançamentos. Velho. Tentar acompanhar sozinho é como conversar com 3 pessoas ao mesmo tempo enquanto resolve uma prova de eletromagnetismo.

Eis que no meio disso tudo brota um novo álbum do Sufjan Stevens. Não é todo dia que o maluco sai de um hiato de 5 anos, né? Nesse período de quase-silêncio, rolou uma porção de coisas, até. O cara lançou um álbum >E< um EP com o projeto paralelo Sisyphus  (que é beeeeem diferente do estilo do Sufjan, no geral), fora uns sons de natal. Nossa eu simplesmente não entendo sons de natal. Mas isso fica pra outra review.

Era visto que depois de lançar coisas como o enorme Illinoise a expectativa pra qualquer outro álbum seria muito grande. Que baita disco esse, muito, extremamente diversificado, complexo, layered, intrigante. Aquele universo paralelo único do artista, a originalidade em seu maior momento. Sim, eu ainda tô falando do Illinoise, porque no recém-lançado Carrie & Lowell, a coisa é bem mais.. r00ts.

De início tem essa aproximação pop, aparentemente felizinha e tudo. Bom.. isso até tu perceber a tensão ENORME em cada verso. No meio de muito intimismo, folk roots, é como se o Sufjan fosse quebrar a qualquer momento. Sabe quando as pessoas tão discursando e tão naquele estado de quase chorar?  Essa atmosfera é genial, tu fica aflito junto, mergulha nos seus flashbacks de infância, onde ele fala sobre sua mãe (que morreu), e seu aparente distanciamento da mesma enquanto era viva. É pesado, pra dizer o mínimo.

É uma relação extremamente complexa, pelo que parece. Ele não exatamente "odeia" a mãe, mas rolou muita coisa trash. De qualquer forma, ele sente que ela ainda tá por perto, algo recorrente, uma espécie de energia que acompanha (sim, chega a esse ponto de intimismo).

Essa vibe estranha, triste e sombria consegue te prender até "All of Me Wants All of You". Não que depois isso não continue, mas acho que é a partir daí que começa o grande problema desse disco. Ele simplesmente não muda. Não que seja ruim, mas tu sabe exatamente o que esperar a cada música. É uma boa experiência, mas não é tão boa quando repetida incansavelmente. Parece que estamos ouvindo o Sufjan lá do início da carreira, na época do Seven Swans, mas obviamente com uma carga musical muito maior.

Por mais intimista e pessoal que fosse, eu sinto que justamente por isso dava pra ter sido tão melhor, ainda mais nesses sentimentos complexos. Literalmente algumas das coisas mais importantes da vida do cara viraram uma porção de músicas Violão&Voz. Sério isso é um negócio que me deprime um bocado. Vou ficar mal só de pensar o quão melhor podia ter sido. Embora isso possa soar um tanto egoísta ou algo assim, como uma experiência o disco simplesmente falha em manter o ouvinte interessado. Nos sons que não tem algum hook nem dá pra lembrar de muita coisa.

O que pensar?

Onde ouvir: http://music.sufjan.com/album/carrie-lowell

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