28 maio, 2015

Deerhunter - Halcyon Digest (2010)

Nota: 9,5







Nychollas Cardozo




Bem, venho aqui falar-vos sobre algo que considero não só um disco, mas uma bela e conceituada obra de arte. Preciso mencionar, obviamente, que sou suspeito em falar dessa banda, e principalmente desse trabalho em específico, mas não posso deixar de tecer as percepções e opiniões que tenho sobre ele. Falamos aqui de Halcyon Digest, o quinto álbum do conjunto, lançado em 2011 pela 4AD (a mesma gravadora de Ariel Pink, Animal Collective, entre outros).

O Deerhunter surgiu por meados de 2001, em Atlanta, Georgia; tendo como líder Bradford Cox, o cara alto, magricelo e estranho que infelizmente tem síndrome de Marfan. A banda se formou com a ideia de unir a “propulsão do rock de garagem” com a música ambiente, assim como já se auto descreveram “ambient punk”. Eles carregam uma enorme gama de influências, e Cox é o tipo de pessoa que vai até a loja de discos e ouve o que aparecer a sua frente, sabendo apreciar e absorver muita coisa.

Mas enfim, falando do álbum: ele se abre com “Earthquake”, uma das faixas mais experimentais do conjunto. Algo que flerta com a vanguarda pré-setentista do Velvet Underground, e invoca as experimentações ambiente feitas pelo Slowdive, em seu último disco, Pygmalion. A letra trata de uma personagem que acordou situada em um terremoto e é questionando sobre as coisas que poderiam estar passando pela sua cabeça naquele momento recém-desperto, em meio ao caos, ainda em processo de assimilação. O que pode explicar a lentidão cadenciada da música e o aspecto descritivo da cena. Com essa abertura, não se pode deixar de lado a produção e mixagem do disco, que englobam todo o restante. São muitas camadas encharcadas de efeitos, e se pudéssemos criar uma imagem sinestésica nesse aspecto, daria para imaginar um cenário assim: um dia húmido na serra gaúcha, aquele dia no qual a serração desce, atingindo os vidros dos carros e deixando-os foscos. Essas “camadas” sendo a linha tênue entre a água condensando em gotas nos vidros e a neblina, ainda pairando pelo ar gelado em meio às montanhas crepusculares. Tudo isso em um esquema de cores preto e branco, como mostrado em toda a arte do disco físico, além das fotos do encarte.

“Sailing” traz o lado mais folk à tona, a canção em si é só voz e guitarra, e mostra uma razão existencial, transparecendo isso do jeito mais confortável e inteligível possível, utilizando ruídos e efeitos que lembram algo como o vento batendo nas velas de um veleiro que flutua na calmaria marítima. Do mesmo modo que em “Fountains Stairs”, composição do guitarrista Lockett Pundt, a sensação é de que você está ouvindo o outono e a primavera ao pé do seu ouvido. Lembrando que o Deerhunter tem um pouco disso: letras de autoajuda, o que pode parecer meio idiota, mas na realidade nada mais é do que o diálogo do músico com o ouvinte sobre as dificuldades diárias e mundanas de qualquer pessoa. “Desire Lines” também retrata essa situação, e falaremos dela logo mais...
Um aspecto muito importante desse disco são as memórias: o quão ele puxa situações da infância e juventude. A faixa que mais evidencia isso é “Memory Boy”, que conta com takes de gaita e um arranjo de cordas bem destacado. Ela nos leva a um insight do “protagonista”, que de um verso para outro volta à infância/adolescência, onde se encontra em uma situação de mudança. Supõe-se que sua família estaria trocando de lar, o que é mostrado pela repetição de “It’s not a house anymore” ou “I see you leaving/Don’t forget your TV”. O narrador acaba retomando os bons tempos em que viveu naquele lugar, e termina por relatar que a mudança teve um impacto psicológico. Algo parecido ocorre em “Don’t Cry”, que transparece um diálogo de pai para filho em suas estrofes, ou pode ser que seja Bradford dando conselhos para si mesmo quando mais jovem.

“Desire Lines”, single do disco e também escrita por Pundt, tem em si aquela função da qual havia dito anteriormente, bem ressaltada no último verso: “Well, everyday do what you can/and if you let them turn you’round/whatever goes up must come down”. A composição trata sobre as dificuldades existentes entre a juventude e a vida adulta, representando as sensações que o indivíduo pode passar enfrentando a “vida real” e os caminhos que ela pode seguir. Há também a ideia de que as tais desire lines são aquelas estradas que se desviam do concreto e são formadas na terra pelo excesso de passagens, desenhando um caminho alternativo. O mais interessante dessa música é que após o fim do último verso e de sua estruturação normal, ela passa a se tornar um improviso. Sim, a boa e velha jam, repetitiva e repleta de efeitos, dando aquela vibe crua a garageira, apesar de refinada e bem produzida. Essa é a fatia de maior deleite da música e da banda também, os improvisos longos são característicos deles.

A excelente, e também single, “Helicopter” é uma das peças sonoras mais originais e palpáveis. Quando que algo tão experimental pode se tornar grudento (no bom sentido) e pop? Não há como explicar, mas é nessa música que Cox mostra sua genialidade, e também é onde aquela descrição da produção mais se encaixa. Os delays e reverbs dos acordes dedilhados parecem ricochetear às margens de um lago sereno e monótono. O refrão e os versos são os mais bem marcados, e a letra tem sua explicação nas entranhas do disco físico, que conta a história real de um ator pornô Russo que foi envolvido em tráfico humano. É interessante também o contraste criado com a bela e delicada canção e o tema trash tratado pela mesma.

Por fim, o álbum termina com a longa “He Would Have Laughed”. Também uma das mais belas composições presentes, e que de certa forma resume bem aquela ideia principal do disco: da nostalgia, da mudança, das memórias, tudo da vida que vai se tornando cada vez mais obscuro e termina com o bater das botas. Sim, é bem provável que Cox se refira a isso em seus versos.
Acho que não existem critérios para justificar minha nota ao álbum, ela simplesmente surgiu no momento em que pensei em fazer essa resenha. Acho uma nota justa, pois enxergo essa obra como algo único e original.

26 maio, 2015

Cícero - A Praia (2015)



Nota: 7,5






Fernanda Rodrigues





Depois de quase dois anos sem apresentar nada novo (quase o mesmo tempo entre o primeiro e o segundo álbum), Cícero finalmente volta, agora com o lançamento de A Praia. Um disco que, sinceramente, parece aquele irmão mais novo que quer imitar algumas coisas que o irmão mais velho fez e deu certo, bebendo às vezes da mesma fonte que o irmão do meio. Não que isso seja necessariamente algo ruim ou bom, é apenas um fato.

Para começar, a primeira faixa do álbum já é a continuação da última do segundo, Sábado, como o próprio nome “Frevo Por Acaso nº 2” já diz – realmente, se você for ouvir os dois discos um atrás do outro, parece que a mesma música voltou a tocar. Da mesma forma, “Cecília & a Máquina” retoma a personagem de “Cecília e os Balões”, só que agora incrementada com a voz de Luiza Mayall, mas sempre representando a pausa do álbum para um momento mais calmo e delicado. Não sei dizer exatamente o que Cícero pretendeu com esse último lançamento, mas na certa ele quis (re)elaborar o sucesso de Canções de Apartamento, apenas de um jeito um pouco menos nostálgico e melancólico.

É como se, antes do seu primeiro disco, Ciço tivesse levado um fora, se revoltado, chorado, sofrido, sentido saudade, achado que nunca mais ia superar aquele caso de amor que acabou, mas, de repente, assim do nada, encontrou alguém que tem tudo a ver com ele. Se antes, lá no início, com “Açúcar ou Adoçante?”, ele estava mais para “Entra pra ver/ Como você deixou o lugar/ E o tempo que levou pra arrumar aquela gaveta”, em “Terminal Alvorada”, tem um tempo que ele já não sabe o que é saudade. É como se ele tivesse se apaixonado e encontrado a pessoa certa, porque, embora as bases entre as músicas dos álbuns estejam parecidas, os versos estão mais felizes e amorosos, menos saudosistas e ressentidos. Novamente, é o cantor nos deixando saber um pouco da história da sua vida.

E por falar nisso, é bom lembrar que Cícero deixou sua carreira de advogado para tentar a sorte na música e parece que é isso que ele lembra logo de cara nos primeiros versos de “Frevo Por Acaso nº 2”: “Papeis, documentos/ Velhas formas de comportamento/ Na rotina de sol e cimento, amanhecemos”. No mesmo caminho, a gente percebe também o mesmo estilo de referência em “Soneto de Santa Cruz”, que carrega no título o nome do bairro em que o cantor cresceu. Cícero continua, claramente, apostando no que deu certo no seu primeiro álbum: compartilhar com os fãs sua rotina, sua vida, sua biografia.

Tudo bem, vocês podem estar pensando “tá mas o segundo álbum? E Sábado? Ele não se inspirou em nada?”. Olha, foi até bom que as influências do segundo disco não tenham ido fortes nesse terceiro, porque Sábado foi meio decepcionante para quem já conhecia o cantor do primeiro álbum. Ficou um som experimental demais, meio fraco, que foi forte alvo de críticas pela maior parte das pessoas que o vinham acompanhando. Claro que nós não sabemos se a intenção de Cícero não foi justamente fazer um álbum mais experimental, mas, ao que parece, se o objetivo realmente era esse, ele não alegrou muito a torcida.

Por isso que a gente vê muito mais de Canções de Apartamento em A Praia. As melhores músicas do álbum são aquelas que lembram as do primeiro disco, como “De Passagem” e “Camomila”, que apresentam os mesmo versos repetitivos empregados já em “Ponto Cego” anteriormente. O sentido da música continua prático, direto e objetivo, sem forçar muito o ouvinte a parar para pensar “bah, mas o que ele quis dizer aqui?”. E isso não é ruim. Muito pelo contrário, às vezes o que a gente mais quer é um álbum que seja direto e diga o que a gente quer ouvir mesmo, de uma maneira fácil e descontraída.


Em outras palavras, e já para finalizar, Cícero continua o mesmo (talvez até mais do que o necessário), mas isso significa também que a qualidade das músicas continua boa. Alegrou quem queria a volta daquela promessa do MPB que apareceu em 2011, ainda meio tímida, nos convidando para entrar em seu apartamento (dá uma olhadinha na review do primeiro álbum -> aqui), mas que agora já nos leva para um passeio na praia, mais feliz, menos triste com o coração, como se um verãozinho tivesse chegado para aquecer seus sentimentos. O bom e velho Ciço came back.


25 maio, 2015

Allah Las @ Beco 203

Foto: Mariana Falcão

Ok, algumas vezes o beco salva. Essa vez foi o dia 16 de maio, na longínqua Porto Alegre.

A parte boa da banda não ser lá muito conhecida é que o hype passou longe. Era o Allah-Las e tudo, mas quem é que esperava grande coisa? Aposto que a maior parte da galera tinha só ouvido falar qualquer coisa e resolveu dar o braço a torcer, o que não é necessariamente bom ou ruim. Eu não sei dizer com certeza (já que eu tava literalmente colado no palco), mas a casa tava cheia e essas coisas.

Aliás, pra quem não sabe, Allah-Las é o resultado quase inevitável do encontro entre, sei lá, The Nerves e Richie Allen & The Pacific Surfers. A garageira e o surf californianos. O primeiro álbum é infernal! No duro, é muito interessante mesmo. Não é tão inovador mas definitivamente não é óbvio. O segundo álbum, por outro lado... (também não é tão ruim assim, ok? Não viaja!)

Ninguém pareceu se importar muito com o Baby Budas (a banda que abriu). Tinha esse espaço todo entre o pessoal disperso e o palco enquanto eles tocavam. Fora que a maioria das pessoas chegou depois, só pra atração principal mesmo. Só lembro de uns ruídos que pareciam ser um cover de Interstellar Overdrive. Ou seja, até a banda de abertura sair do palco o clima tava um bocado chato: um monte de gente mala e pretensiosa falando alto sobre alguma coisa.

Eles chegaram sem muito alarde (ninguém reconheceu os caras) e foram fazendo os ajustes finais de equipamento. Quando então: Busman's Holiday. Só dava a galera com olhinho brilhando, cheio de sorrisos. As guitarras bonitas, a distância mínima entre o público e artista. A melhor parte: eles tavam tocando muito na humildade, sem aquelas caras que essas bandas de cretinos fazem. No duro, me emocionei um bocado.

Sabe aquela sensação quando parece que tu tá redescobrindo o som de cada um dos instrumentos? Isso fora a playlist imprevisível e a boa recepção da maior parte das músicas, mesmo entre quem nunca tinha ouvido. Destaque pra "Sandy", "Had It All", "Buffalo Nickel" e né, "Catamaran". Eu falei da euforia de quando tocou "Tell Me (What's On Your Mind)"?

Entre os poucos detalhes que deram errado, o cara do equalizador/mesa/mix devia ter sido demitido. Não dava pra ouvir muita coisa além das guitarras. Não chegou a estragar ou algo que o valha, mas foi o clássico "quem não conhece a música fica meio perdido". Fiquei meio chateado quando os caras não atenderam o clamor popular por certas músicas. E não era só eu, ok (cheguei a entregar um papel com o nome da música escrito)? Por sorte, deu pra conversar um pouco com alguns deles depois do show.

Eduardo Kapp

14 maio, 2015

Marina & The Diamonds - Froot (2015)



Nota: 7,8





Fernanda Rodrigues






Sabe aquela expressão “melhor de três”? Serve para Froot, que é o terceiro álbum da Marina, mas o produto final do que se pode chamar de um ~materialismo dialético~ entre os dois primeiros, The Family Jewels e Electra Heart.  No primeiro ela não tinha uma identidade bem formada ainda, perdida em um mainstream anônimo do mundo pop, provavelmente pouco certa do que ela mesma queria. É claro que, como qualquer experiência, fez com que ela (tentasse) inovar para o segundo. 

Electra Heart, como o próprio nome diz, teve como personagem principal uma garota que dava choque nas pessoas que chegavam ao redor porque ela própria já havia levado muito choque de gente que só queria brincar com seu “pobre coração”. Bem, foi um estereótipo ótimo para vender, principalmente se focarmos no público adolescente, em que algumas meninas decidem se tornar bad girl, como sugerido na trilha "How To Be a Heartbreaker", que apresentou regras essenciais para ser uma verdadeira desgraçada que só brinca com os caras que aparecem na sua vida, porque em algum momento de seus relacionamentos passados, já pagaram papel de trouxa™.

Basicamente, tratava-se de um alter ego que não sabia muito bem lidar com seus próprios sentimentos, ou melhor, com seus sofrimentos e descontava nos outros suas desilusões amorosas. Aí é que vem Froot na carreira de Marina, como quando aquela adolescente overdramatic  que finalmente entra na vida adulta e consegue agir com melhor racionalidade diante dos problemas. Em “Happy”, faixa escolhida para abrir o álbum, ela já deixa claro que descobriu o amor-próprio como o melhor remédio para a dor de coração. E é uma evolução não só para o lado sentimental, mas a estrutura do álbum em si é mais bem feita que a dos anteriores.

As batidas pops estão bem mais organizadas, ao contrário do eletrizante e irônico Electra Heart. E é bom lembrar que a produção do álbum contou apenas com a cantora e a ajuda de David Kosten, demonstrando abertamente que a sua intenção foi de fazer um álbum que tivesse o máximo de Marina Diamondis quanto fosse possível. Claro que é sempre delicado falar de amor e sentimentos sem deixar a música entornar em um caldo meloso que a gente acaba pulando para escutar a próxima faixa, mas ela até que se deu bem quanto a isso. Apesar de comportar versos como “I found what I’d been looking for in myself/ Found a life worth living for someone else/ Never thought that I could be happy, happy”, por exemplo, "Happy" tem uma das melodias – se não for a melhor – que mais se destaca dentro do álbum, com um piano nostálgico e sombrio por detrás, acompanhando a autorrealização que Marina canta e arrasta dentro de outras faixas. Por outro lado, alguns resquícios do álbum anterior podem ser sentidos em  "Blue" e "Can’t Pin Me Down", nas quais ela traz de volta o seu egoísmo, mas agora no sentido de valorizar mais a si mesma do que no intuito de ferir o cara com quem ela está saindo: “I’m never gonna give you anything that you expect/ You think I’m like the others/ Boy, you need to get your eyes checked”.

Ademais, apesar de ter vazado na internet antes do lançamento oficial, que só seria em julho, Froot não desapontou os fãs da cantora – ok, talvez tenha, no mínimo, surpreendido, já que provavelmente a maioria esperava algo mais parecido com o segundo álbum, apesar de "Froot" (a música) já ter sido lançado como single em novembro e ter dado uma ideia de quais eram as intenções da cantora. Não foi lá grandes avanços no mundo pop, tudo bem, mas, em questão de transformação e evolução pessoal, esse terceiro álbum nos mostrou quem é, de verdade, Marina Diamondis – agora sem ser confundida com outras cantoras ou com algum estereótipo de menina má – e que ela já tem (ou ao menos está no caminho de construir) sua própria marca. É sempre bom ver um artista superar as expectativas do próprio público.


Onde ouvir: https://www.youtube.com/watch?v=dQZxF5T_oXY

13 maio, 2015

The Holydrug Couple - Moonlust (2015)

Nota: 7,6







Eduardo Kapp




Dois caras. Doidos. Lá de Santiago (do Chile). Depois de um álbum meio bucolismo-espacial (o que é algo conceitualmente intrigante), eles reaparecem com um desses álbuns que tu escuta 5s da primeira música e "ba, dream pop". Normalmente isso me deixa muito chateado. Particularmente, gosto muito do gênero. As noites ouvindo Galaxie 500, as tardes consumindo Broadcast. Ou o contrário. O problema é que o tempo vai tomando cada vez mais o espaço pra coisas óbvias.

Mas não que isso importe tanto assim. Na verdade, além de ter as melhores coisas do dream pop, tem uma porção de detalhes hipnóticos e aterrorizantes. É muito bem produzido, diga-se de passagem. Imagina se o Kevin Parker tivesse produzido um álbum da Victoria Legrand? Ou se a Galaxie 500 tivesse aprendido mais alguns acordes e viajado no tempo? Porque fora a hipnose, é tudo muito groovy, girando em torno do nada, procurando sabe-se lá o quê.

"Light or Night" é uma dessas maravilhas que tu não sabe se é triste ou feliz e no fim é o teu contexto que decide. Embora tomada por ondas de sintetizadores, fuzzy guitars aparecem no fim, encerrando da melhor maneira (e assim fazendo o que muitas bandas tentam e não conseguem). Essa sonoridade vai te lembrando aos poucos como é ficar sozinho. "If I Could Find You (Eternity)" já garante a originalidade e relevância do disco de uma vez por todas , justamente por isso(e ainda nem chegamos no lado B).

Talvez esse lance das músicas soarem tão cheias de conteúdo mas na real nem saberem o que realmente querem perturbe alguns. Digo, elas até cheiram a vazio. Ao mesmo tempo, deve ser por isso que são tão hipnotizantes. Não é tão difícil de se identificar com essa linha. Vagando entre tantos sentimentos, pessoas, lugares, coisas até que já são 3 horas da manhã e tem aula de eletromagnetismo na manhã seguinte.

Tem também o problema de ser meio repetitivo. Dum jeito legalzinho e tudo, mas não dá pra negar né. A sonoridade muda um pouco pro fim, com alguma experimentação eletrônica numa estética early-70's ou algo assim. Não dá pra falar mal. É uma questão de tempo até eles aparecerem com algo mais maduro e ainda melhor.

Eu não queria incluir isso aqui, mas eu precisava externar o quanto a última faixa tem um riffzinho que soa MUITO como o refrão de uma popular música de pagode. Fica a critério.

Onde ouvir: https://theholydrugcouple.bandcamp.com/album/moonlust