14 maio, 2015

Marina & The Diamonds - Froot (2015)



Nota: 7,8





Fernanda Rodrigues






Sabe aquela expressão “melhor de três”? Serve para Froot, que é o terceiro álbum da Marina, mas o produto final do que se pode chamar de um ~materialismo dialético~ entre os dois primeiros, The Family Jewels e Electra Heart.  No primeiro ela não tinha uma identidade bem formada ainda, perdida em um mainstream anônimo do mundo pop, provavelmente pouco certa do que ela mesma queria. É claro que, como qualquer experiência, fez com que ela (tentasse) inovar para o segundo. 

Electra Heart, como o próprio nome diz, teve como personagem principal uma garota que dava choque nas pessoas que chegavam ao redor porque ela própria já havia levado muito choque de gente que só queria brincar com seu “pobre coração”. Bem, foi um estereótipo ótimo para vender, principalmente se focarmos no público adolescente, em que algumas meninas decidem se tornar bad girl, como sugerido na trilha "How To Be a Heartbreaker", que apresentou regras essenciais para ser uma verdadeira desgraçada que só brinca com os caras que aparecem na sua vida, porque em algum momento de seus relacionamentos passados, já pagaram papel de trouxa™.

Basicamente, tratava-se de um alter ego que não sabia muito bem lidar com seus próprios sentimentos, ou melhor, com seus sofrimentos e descontava nos outros suas desilusões amorosas. Aí é que vem Froot na carreira de Marina, como quando aquela adolescente overdramatic  que finalmente entra na vida adulta e consegue agir com melhor racionalidade diante dos problemas. Em “Happy”, faixa escolhida para abrir o álbum, ela já deixa claro que descobriu o amor-próprio como o melhor remédio para a dor de coração. E é uma evolução não só para o lado sentimental, mas a estrutura do álbum em si é mais bem feita que a dos anteriores.

As batidas pops estão bem mais organizadas, ao contrário do eletrizante e irônico Electra Heart. E é bom lembrar que a produção do álbum contou apenas com a cantora e a ajuda de David Kosten, demonstrando abertamente que a sua intenção foi de fazer um álbum que tivesse o máximo de Marina Diamondis quanto fosse possível. Claro que é sempre delicado falar de amor e sentimentos sem deixar a música entornar em um caldo meloso que a gente acaba pulando para escutar a próxima faixa, mas ela até que se deu bem quanto a isso. Apesar de comportar versos como “I found what I’d been looking for in myself/ Found a life worth living for someone else/ Never thought that I could be happy, happy”, por exemplo, "Happy" tem uma das melodias – se não for a melhor – que mais se destaca dentro do álbum, com um piano nostálgico e sombrio por detrás, acompanhando a autorrealização que Marina canta e arrasta dentro de outras faixas. Por outro lado, alguns resquícios do álbum anterior podem ser sentidos em  "Blue" e "Can’t Pin Me Down", nas quais ela traz de volta o seu egoísmo, mas agora no sentido de valorizar mais a si mesma do que no intuito de ferir o cara com quem ela está saindo: “I’m never gonna give you anything that you expect/ You think I’m like the others/ Boy, you need to get your eyes checked”.

Ademais, apesar de ter vazado na internet antes do lançamento oficial, que só seria em julho, Froot não desapontou os fãs da cantora – ok, talvez tenha, no mínimo, surpreendido, já que provavelmente a maioria esperava algo mais parecido com o segundo álbum, apesar de "Froot" (a música) já ter sido lançado como single em novembro e ter dado uma ideia de quais eram as intenções da cantora. Não foi lá grandes avanços no mundo pop, tudo bem, mas, em questão de transformação e evolução pessoal, esse terceiro álbum nos mostrou quem é, de verdade, Marina Diamondis – agora sem ser confundida com outras cantoras ou com algum estereótipo de menina má – e que ela já tem (ou ao menos está no caminho de construir) sua própria marca. É sempre bom ver um artista superar as expectativas do próprio público.


Onde ouvir: https://www.youtube.com/watch?v=dQZxF5T_oXY

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