06 junho, 2015

Apanhador Só @Theatro 13 de Maio


Se tem um coisa que acredito que dispense uma prévia discussão é que o (ou a, como preferir) Apanhador Só lançou em 2013 um baita disco, no caso, o "Antes que tu conte outra". Pois bem, a última aparição da banda por Santa Maria havia sido 3 anos atrás, na rua, em formato diferente do show plugado e com formação diferente. No Theatro, dividiam o espaço os 3 membros fixos e 2 "músicos de apoio", se é que se chama assim. Enfim... a espera pelo show era visivelmente grande. Até mesmo o Alexandre brincou: "estamos fazendo show de lançamento no encerramento da turnê (rsrs)".

Aos gritos e prantos de ansiedade, a casa lotada viu as cortinas se abrirem aos ruídos de Mordido, seguido de um bloco de canções do AQTCO. Curiosamente, o show parecia divido em blocos, quando surgiram alguns clássicos em sequência do primeiro álbum. Peixeiro, Prédio, etc. E aí depois tudo virou uma grande festa onde já não se havia mais critério entre álbuns e até o ep Paraquedas teve espaço com a música homônima e Salão de Festas. Em meio a uma reciprocidade muito avante, me chamou atenção as versões modificadas de algumas músicas pro show ao vivo, como variações de riffs e solos acrescidos, rolou isso com Maria Augusta e algumas outras das quais não me lembro o nome agora. 

Se a logística de um teatro já permite uma certa proximidade entra o artista e o expectador, a coisa toda se vale mais ainda quando os caras desplugam todos os intrumentos pra sentar à beira do palco pra cantar Na Ponta do Pés, uma legítima quebra de protocolo que pode ser conferida neste vídeo. Mas o grande catarse da noite e que pra mim tem sido um diferencial da Apanhador pra qualquer outra banda é a ideia de que o fã também é parte da banda. Foi quando se pediu voluntários pra subir no palco pra grande anarquia que estava por vir em Nado. Latifúndios de alegria nos rostos que ali seguravam entre outras coisas, panelas, colheres, brinquedinhos e o escambau. Quem ficou sentado ainda era intimado pra fazer barulho com o que tivesse em mãos, e dalí saíam trovões de molhos de chaves. Cacarejadas sem limites, situação periclitante, um semi-caos instituído.

Que todos mereciam uma acústica como a do Theatro isso nem se discute. O grande x da questão é que uma hora as cadeiras pareciam ter formigueiros, o que fez com que todos se levantassem em Maria Augusta, já na reta final. Maria Augusta e Nescafé foram tocadas a pedidos, que eu me lembre. Satisfação garantida após cerca de 1h20min de show e pedidos atendidos, a banda se despede esperando o bis, que não foi pedido dadas as circunstâncias já citadas, imagino eu. Volta o Fernão das cortinas e sopra um "galera, peçam mais uma". Aos gritos de "mais um" voltam os guris pra tocar Vila do Meio-dia e terminar o show.

foto: Luciéli Raminelli
Musicalmente o negócio saiu como se esperava. O que de algum modo me surpreendeu foi a energia que a banda estava, ainda levando em conta que os caras tinham instrumentos roubados horas antes do show. Harmonia pura, e detalhe: o baterista (que agora me foge o nome) exalava oceanos de simpatia ao tocar quase que todas as músicas sorrindo e dançando. Até mesmo as canções mais sombrias e sérias do AQTCO tinham brechas de felicidade. Eu que esperava caras fechadas como vi em muitos vídeos de apresentações da turnê. O próprio clipe de Mordido não me deixa mentir.

E foi isso. Após o recado de "nos encontrem na banquinha ali depois pra trocar uma ideia" a banda se despediu prometendo voltar num futuro não muito longe com a turnê Na Sala de Estar. Sem muita delonga: show que fez valer a pena perder a rodada do futebol de quarta à noite.

Matheus Donay

Nenhum comentário:

Postar um comentário