11 junho, 2015

Psychic TV - A Pagan Day (1984)

Nota: 7,3






Eduardo Kapp




Pra um grupo que era basicamente pedaços que restaram da formação do Throbbing Gristle, eles conseguiram influenciar muita gente e inovar afu, considerando a época e tudo. Digo, não é todo dia que tu cruza por um trabalho de early-industrial-early-70's. Esses caras são um bocado complexos, a banda teve várias fases e várias lideranças e etc etc.

Pulando pra parte interessante: esse é um dos discos da fase inicial, onde o mastermind ainda era o Alex Fergusson. Um músico bastante underground, tocava tanto nesses grupos de acid house experimental quanto em coisas mais punk e tudo. Ele e o famigerado Genesis P-Orridge montaram e gravaram todo o álbum, praticamente. Tudo meio de garagem, num mero 4-track.

Foram feitas apenas 999 cópias da distribuição original do álbum. Tem uns tarados colecionadores que pagam alto simplesmente pela capa da edição original (o re-release tem uma outra capa). Definitivamente, é um lance muito mistério/nonsense que se formou em volta dessa banda e especificamente desse disco.

Embora hoje em dia tu escute isso e consiga fazer algumas relações ou comparações, imagino que na época tenha sido algo completamente único. As composições soam como uma mistura de alguém praticando as primeiras lições de um instrumento qualquer enquanto uma bateria eletrônica se adapta a mesma e alguém mais entendido vai fazendo a coisa efervescer.

"Cadaques" é exatamente isso. O fato é que mesmo sendo muito estranho de primeira, é aquela coisa que te deixa interessado. E do nada tu se vê num daqueles morros estilo o finalzinho do filme "Harold and Maude", numa tarde de terça, provavelmente reconhecendo a voz de alguém que tu não conhece passando por perto. Ao menos essa é a vibe de "We kiss", "Cold Steel". Soa como a Nico no "Chelsea Girl", só que mais lo-fi, eletrônico e dessa vez realmente afim de cantar.

Bastante coisa ambiente, intimidadora (eu ia falar agressiva-passiva mas eu não suporto essa expressão) e tudo. É aquela coisa que se tu conseguiu chegar numa zona de conforto ouvindo é porque tu caiu na nóia que eles tão propondo. Tem que se deixar levar.

O problema mora aí mesmo: se tu não conseguir se deixar levar. Começa a ficar um bocado irritante, dependendo do contexto que tu se coloca pra ouvir. Aí sim, eles parecem um bando de cretinos fazendo barulho. Acho que isso é a coisa mais interessante em artistas fora do eixo/padrões que nossos ouvidos tão acostumados, tu fica realmente intimidado com o negócio. É como tentar entender uma conversa entre estrangeiros (que tu não conhece a língua, obviamente).

Essa coisa é simplesmente um clássico da banda, que é uma baita influência pra cena early-industrial e eletrônica da época. É essencial.

Onde ouvir: https://www.youtube.com/watch?v=4id3GVWPYFE (não tem o álbum inteiro online :/)

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