17 julho, 2015

Pedro Pastoriz - 1 (2015)







Matheus Donay






Geralmente quando paro pra ouvir um álbum do início ao fim passam muitos pensamentos pela cabeça. Obviamente, a maioria deles pré-moldados, ainda não lapidados e muitas vezes precipitados. Tive uma sensação boa-estranha ao ouvir o "1", disco do Pedro Pastoriz. Fui com uma boa expectativa, impulsionado pela banda que ele faz parte, o Mustache & Os Apaches.

Gosto das culturas regionais e como elas estampam bem ‘seu território’ nos acordes, letras e na pura essência. Por outro lado, acho muito interessante quando alguém que não é do habitat abraça um gênero longínquo. Acho que o brasileiro Pastoriz tirou de letra interpretar o folk raiz americano, um pouco diferente daquele folk mais pop do Mustache. Aliás, muita gente brasileira conhece o folk, mas desconheço artistas do ramo (se alguém souber, por favor, me indique).

Para os apreciadores do futebol: sabe quando tu começa a lembrar/imaginar os velhos cabeludos de chuteira preta e bigode? Pois é. Esse é o feeling do 1. Gravado em 1 TAKE em FUCKING 40 MINUTOS, direto no vinil. Romantismo puro. Reza a lenda que o cara TIROU O CABAÇO do Brasil nesse tipo de gravação. A grosso modo, já imaginou deixar teu celular captando som, pegar um violão e uma gaita e gravar um disco? Mahomenos isso que rolou.

Ainda essa semana conversava com o outro rapaz que escreve neste blog sobre alguns folks dos anos 40s, os métodos gravação e a vibe toda do cenário. Curiosamente na mesma semana sai esse álbum, com características muito marcadas da época. Desde o simplório instrumental, o jeito de cantar e a qualidade do som. Nesse vídeo dá pra sacar o quão roots é a coisa, https://vimeo.com/125068399. Um disco que sinceramente poderia se chamar “Ao vivo no estúdio”.

A gravação crua desse tipo nos permite apreciar as minúcias que só a simplicidade nos oferece, longe de qualquer trabalho de mixagem, efeitos, pedais e toda essa parafernalha. Tipo quando o cara resolve aumentar a voz e vazam uns ecos ambientes. Rola isso bastante em Figurantes do Showbizz. Ou então em Sheik, onde rolam aqueles barulhos de quem bate no microfone ou coisa do tipo.

O cara falou que vai sair tocar na rua, cafés, brechós e onde seja que role um espacinho. A começar pela Europa. Parece que rola toda uma estética em volta, com cenário e tals. As letras, que foram escritas nos States, também entram nessa. Uma roupagem clássica do folk.

Sinceridade é o ponto forte do trabalho. As letras, as palhetadas, o take NUDE. Raras as vezes em que senti proximidade com o artista, mesmo que seja um sentimento abstrato. Se a intenção era tocar o ouvinte por este viés, acho que o cara teve êxito.

Onde ouvir: https://soundcloud.com/pedropastoriz/sets/pedro-pastoriz-1

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