30 agosto, 2015

Thiago Ramil - Leve Embora (2015)

Matheus Donay












Não sabia que Thiago, da árvore genealógica mais musical do Brasil (família Ramil), lançaria um álbum até ver pelas webs um link com o seu primeiro single. Esperei o álbum com um pouco de ansiedade, apesar de desconhecer a carreira dele. Um sentido instintivo até.

Desde a gestação do disco, fantasiei como este poderia ser. Sei lá, um caderninho de inquietações e/ou pensamentos aleatórios do compositor, gosto de intimismo quando não se torna ego. Quando isso rola, parece que se a gente largar o disco físico numa balança ela mal vai reagir, tamanha leveza. Algo que você sente em todos detalhes: a lomografia da capa, o nome das músicas, o encarte, enfim.

Leve também, a voz de Thiago me passa uma mistura de maturidade/juventude.Voz: um instrumento muito importante neste disco, que deixa vácuos em alguns momentos e mira todos feixes de luz pra salientar somente a ela. O single Desculpa foi a primeira demonstração, onde apenas alguns ruídos do baixo acompanham o vocal. Aliás, é nessa música que ele reservaria seu lugar no inferno se estivéssemos na idade média, tamanho ceticismo na letra.

O disco é moderno em vários aspectos. Um deles, é a relativa facilidade de se gravar um debut álbum numa qualidade padrão de produção. Seja por financiamento ou edital (o caso deste), as portas têm sido abertas com pequenos ventos. Outra coisa que notifiquei, que pode ser impressão minha ou não, é que raramente um artista tem lançado disco solo sem alguma parceria. E as parcerias costumam fazer as melhores músicas. Em Leite e Nata, um ping-pong de voz masculina/feminina (me escapa o nome de quem canta, perdona-me) cantam uma letra cheia de trocadilhos e de uma poética interessante.

No geral, o violão é quem mais dá a cara a tapa no disco. Entre uma música e outra você ouve algum violino, uma variedade de intrumentos de percussão, ares de MPB e em Dizharmonia uma samplezinha de Strawberry Fields Forever (daquele famoso quarteto inglês) que te pega despreparado.

O Rio Grande do Sul nos últimos anos tem sido um polo de formação de artisas jovens e independentes. Uma safra que aumenta a oferta pra uma demanda infinita que é a de gente pra ouvir. Nesse meio, Leve Embora é um disco pra ouvir com as janelas abertas com o sol rachando em alguma delas. Às vezes a estética do ambiente influencia nas canções. Tá dado o recado.

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